quarta-feira, 27 de abril de 2011



























a letra miúda
no alto 
da página
anuncia
o torpor
que me cerca
me acossa
a morte deve ser assim


puro torpor
a insensibilidade crescente
nos dedos dos pés
e das mãos
a dificuldade de abrir os olhos
ao acordar mecânicamente
todos os dias
as palavras em precipitação vertical
pontuam
cadenciam
a imperceptível
decadência


hibernar
o viver vegetativo
ao longo de anos
décadas
crônico estado hipnótico
sonâmbulo deambular
letárgico sobreviver
alternados
com raros
escassos momentos
de escuta clara
e nítida visão




igor k marques

2 comentários:

  1. Imagem/desenho incrível! Belo e instigante poema. Como será a morte? Não quero morrer, é uma certeza.

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  2. Muito grato, Mariana, pelo estímulo de seu sensível e lúcido olhar-leitura sobre meus desenhospoemas. Aqui vai o link da republicação de "falando sobre o que ainda não quer calar". Grato de novo. Abraços.
    http://www.tabletesculturais.com.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=50&Itemid=69

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