sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

I want you
over & over
timeless song
uma pedrada
na minha vidraça
não me faça mal
lasca de granito
de stonehenge
ou caco de palavra
ainda ecoando
em Lascaux
poesia atemporal
é uma venus que vem nua
cummings is coming along
come.come
again & again
trago.sorvo
até que a morte
me desfaça

pure poetry
ainda não dita
na ponta de aço
de minha caneta
derrame-se
crua
na tela
entranhe-se
negra
no papel

Igor Marques
19.04.1999

quinta-feira, 16 de agosto de 2012



CAMBALEANTE   
ERGUE-SE PERPLEXO TÓTEM 
INSANO MANSO CRENDO-SE OBELISCO
ÊXTASE MÍSTICO 
NÍTIDA APARIÇÃO TERMINAL 
ECTOPLASMA EM ESTADO DE GRAÇA

INCOERENTE
O DESENHO SE ARTICULA 
MEIO ÉBRIO PROLIXO NARCISO
QUASE SÓBRIO ERETO 
FALO DA IMAGEM 
QUE ME ENCARA
PLENA DE GOZO
FALO DA SEIVA QUE PULSA 
NA MATA SELVAGEM
DE SUAS VEIAS

EM INSUSTENTÁVEL NIRVANA
DESMORONA-SE EM INSANA SOBERBA
MINANDO RESINA
SANGRANDO COR 
DESMANTELA-SE MANSO 
EM SURDO RUIR 
ARQUITETURA INVIÁVEL 
IMPLODINDO DIANTE DOS OLHOS
ATÔNITOS DO SEU CRIADOR



Igor K Marques
18/24/JUL/2000

segunda-feira, 4 de junho de 2012






















 


I want you so bad
come as you are
as a rolling stone

pedra de granito
na minha vidraça
I don't care if 
it's crudely written 
harlow poetry

é ela que virá sem avisar
I don't mind 
if you come over
and stay for a while
if you tell me lies

as a matter of fact
strange words
sound like music to me
sweet foreigner 

if you moan, if you ache
if you whisper lyrics I can't grasp
if you fake it
in Spanish, English or French
I don't mind
just don't be late 

cum.mings'coming soon
so, hurry up, come babe
come over me
*poetry

trague-a 
take it 
pure poetry
ainda não dita
na ponta de aço 
de minha caneta
derrame-se negra
impregne seus fluidos 
seu gozo
forasteira

sobre a lona crua
I don't care if rudely 
painted on canvas 
in red, gold or grey

entranhe-se
palavra estranha
fluido na trama do papel 
surdo contínuo líquido 
num non sense drama
it's a weird world anyway



Igor Marques
19.04.1999







domingo, 15 de abril de 2012



o corpo dentro dela
flutuo em lagos
imerso no azul claro
da piscina do bunker
um burocrata de embaixada
a cabeça fora dela
acima da manada
no vento
no sol
no céu


no céu da sua boca
entre luxo e miséria
 sob o mormaço líquido
um branco delira
nigéria

me arremesso no ramadã
em morno mergulho
me relembro suspenso 
em líquido amniótico
cabeça e corpo
dentro dela
pra baixo e pra dentro
pra fenda
pro fundo
pro início
por onde lívido me evadi 
retorno ao mundo anfíbio
pele sobre pele
mucosa em mucosa
sonda e entranha

em plena áfrica
como no princípio de tudo
onde tudo começou
renasço


igor k marques
lagos . nigéria
1998




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

a cor da pintura / sobre trama de linho





a cor da pintura
sobre trama de linho 
sobre cama de papel
sedimenta outro mirar
é só dela a fala
só ela terá a palavra
da cor sobre a cor
tem de vibrar
tem de ser quente
no corpo do olho
dentro da boca
a lingua ágil
suga.tateia
pressiona.degusta
outro provar

os dentes laceram
trituram a casca
polpa & semente
a boca em busca
de todo o sabor
em busca de toda a cor
do sumo da palavra
o olhar em trânsito
o olhar em transe
beija a lona perplexo
com cinzas minerais
amarelos & laranjas 
cítricos
ácida pintura
pulsando na tela
a palavra contínua
a fala sibilina
segue com ela
é dela a palavra 
a.final


igor k marques
18.11.1991

03.08.2010

domingo, 26 de fevereiro de 2012

venha como estiver































VENHA
COMO ESTIVER
ACERCATE DE MI
VENHA & SEJA
COMO FOR
MAS VENHA
NA POLPA DA PALAVRA
NO OSSO DA POESIA
VENHA COMIGO PERDER-SE
NUM SOLO DE MILES
EN EL CUERO
DE LOS TIMBALES
AHORA SE QUE TE VI
COME WITH ME
BUT NOT SO FAST
SUAVE NO MÁS
AHORA QUE APARENTAS
ESTAR AQUI
ALAMBRE DULCE
COME AROUND
IN A CENSORED
PRINCE SONG

NAMED COME
I'LL GET THE LYRICS

FOR YOU TO SING ALONG
ON & ON
COME AS YOU ARE
DESPIDA DE TUDO
NUMA INCONTIDA RISADA
PORTAS E FENDAS
ESCANCARADAS

I’VE HEARD RUMOURS
YOU’VE BEEN HUSTLING
IN HONG KONG
NO MATTER HOW PURE
DON’T MIND IF YOU LIE
I DON’T BOTHER WITH WHOM
YOU FAKE A SIGH
BUT COME
WITH ME
BEFORE I DIE
COME ON
I BEG YOU
COME
OVER ME
POETRY



Igor Marques
março & abril/2011

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012







parecia mais uma alucinação -  que é que um downer não faz com você - é o que dá ir pra rua na hora do rush depois da overdose diária - não tinha dúvida, debaixo da pesada maquiagem, daquela ridícula, óbvia caratonha de palhaço arrelia, estava o canalha, o mendigo-fake que me deu o cano; era bagulho malhado. me passou pra trás o analfabeto. sou o cara, tá sabendo? to quase faturando um canudo na faculdade. não vou deixar barato. jogar o carro em cima, esmagá-lo como um inseto, não dava, me arrastava, mal engatava a primeira e parava de novo, isso há duas horas. no momento em que fosse abordado pelo otário, sacaria minha escopeta com silenciador. abaixar o vidro blindado, apenas dois dedos, estourar sua cabeça seria  gratificante. mas, com certeza, uma roubada. podia ver o corpo de um idiota vestindo calça estampada com bolas pretas, a cabeça esfacelada, sangue  e miolos escorrendo na carroceria do meu possante. seria enquadrado na hora. o ódio geral ao falso pedinte de sinal de trânsito seria, estupidamente convertido em peninha e revolta, meros pretextos pra mais um linchamento espontâneo. vamos arrebentar o infeliz que cometeu essa barbaridade. arranca ele do carro, amarra no poste. não, primeiro chuta no saco, todo mundo, pra depois a gente  acabar com ele. já tinha visto, ou melhor participado de um justiçamento desses. foi legal, o babaca merecia. enfim, com a cara a dois centímetros do cano serrado de um fuzil o trouxa não é de nada. na hora resolveria o que fazer, se ia ficar só no susto mesmo. deixar o palhaço se mijando pra trás. mas, fudeu. o fedepê foi mais rápido; me injetou alguma porra forte na mão. afinal quem não anda armado em sampa? e tomou conta da situação. rabisco essa mensagem numa caixa de papelão rasgada. to numa numa espécie de jaula de circo mambembe de periferia. dessas de tela de galinheiro, feita pra caça miúda. caiu a primeira tromba d'água do verão. em volta mais parece uma arca de noé, fazendo água, indo a pique. downer mais anfetamina dá nisso. perdi, to com as horas contadas. falta pouco pra execução. estão negociando a minha hummer blindada lá fora. nas outras jaulas vejo bichos estranhos. um unicórnio cobre uma bezerra de ouro, todas as fêmeas estão no cio. mugem, uivam, ladram, gemem por seus machos. na minha gaiola acaba de entrar uma sereia loura, com os peitos de fora. é! e com escamas no rabo e tudo ladeada por um anjo do inferno. explico; é um desses hell angels todo paramentado em couro negro, lustroso, em cima da harley davidson, é claro. o incrível é que tudo rolou normal como era antes, depois do forte estrondo e o clarão que me cegou. também, pra que cabeça; olhos, mandíbula e dentes? te escrevo de outra dimensão. há vida após a morte. tenho dito.


igor k marques
10.02.2012

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