domingo, 11 de setembro de 2011




em letra mordida
miúda
moída 
entre dentes
limados em surdina 
excreto blocos 
quase cubos
paralelepípedos
de palavras


exumo fardos
contendo cacos
de remotas falas
imersas em pó de cal
e ossos petrificados
rescaldo de língua morta
de um povo extinto
ruínas de discursos 
bençãos e orações
a um deus esquecido


lanço à superfície
dejetos de monólogos
murmúrios abafados
linhas cruzadas
em surtos alternados
de amnésia
com flashes cristalinos
de memória


erodidos por ventos
chuvas
e guerras seculares
detritos surdos
do que já foi música


igor k marques

1996

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