cambaleante o desenho
ergue-se perplexo totem
ectoplasma em estado de graça
em êxtase místico
ou transe fugaz?
incoerente
mudo ou falaz
em que suporte
o desenho erige-se?
ora delira sóbrio
(saco de pele
tendão e ossos?)
ora elocubra ébrio
(container de carne
esperma e sangue?)
obs.cena.um
falo da imagem que me encara
de seu esgar de prazer
falo da pulsão plástica
de suas tramas de gozo e dor
obs.cena.dois
falo da seiva que pulsa espessa
na selva de suas veias
do insustentável nirvana
e seu lento desmoronar
minando resina
sangrando cor
matérico menstruo
de fêmea que aborta exangue
pigmentos do sublime
detritos do prazer
obs.cena.tres
detritos do prazer
obs.cena.tres
desmantela-se manso
o desenho
em surdo ruir terminal
arquitetura inviável implode
diante dos olhos perplexos
incrédulos do seu criador
incrédulos do seu criador
uma poeira gris paira sobre seus dejetos
palavras malditas, murmúrios de autista,
estilhaços de canção, ruínas da memória,
estilhaços de canção, ruínas da memória,
cantilenas de demente reverberam ocas
entre as quatro paredes
de um cárcere de Piranesi
entre as quatro paredes
de um cárcere de Piranesi
obs.cena.quatro
(cai o pano)
cambaleantes
imagem e criador
re erguem-se perplexos totens
insanos narcisos deliram ainda
por um dia ser
ereto falo
loquaz obelisco romano
igor k marques
18/24/JUL/2000
15.06.12
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