quinta-feira, 19 de maio de 2011


a letra em amarelo vivo

projeta a sombra

matérica

pictórica

sedimentada sobre o suporte

o flanco putrefato
de um cadáver de cão
escancarado sob o sol a pino
(morrer é um assunto de foro íntimo)

o ritual de pintar

um S, um O, um M,

um B, um R & um A

o artista

(ou sacerdote?)

mergulha seis vezes
o pincel na tinta
para depositá-la

letra por letra

lama sobre a pele

a sombra sublima o grotesco

de um corpo em decomposição

o couro duplamente marcado
exibe sua explícita morte gris
quase obscena & quase sagrada



Igor K Marques
12 de maio/2011

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