a letra em amarelo vivo
projeta a sombra
matérica
pictórica
sedimentada sobre o suporte
o flanco putrefato
de um cadáver de cão
escancarado sob o sol a pino
(morrer é um assunto de foro íntimo)
o ritual de pintar
um S, um O, um M,
um B, um R & um A
o artista
(ou sacerdote?)
mergulha seis vezes
o pincel na tinta
para depositá-la
letra por letra
lama sobre a pele
a sombra sublima o grotesco
de um corpo em decomposição
o couro duplamente marcado
exibe sua explícita morte gris
quase obscena & quase sagrada
Igor K Marques
12 de maio/2011
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